Cavete ut, monstris pugnantibus,
tu ipse non monstrum fias...
nam cum diu in abyssum spectes,
abyssus etiam in te intuetur
— Friedrich Nietzsche, Além do Bem e do Mal, cap. 4, pg. 146
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Já não me importa mais a tristeza e a dor, Já nem ouço, sequer, extenso clamor. Minh'alma foi amortecida, Em seu disfarce perdida, Já não me detenho mais no pesar Já não penso de fato que tristezas hão de passar Estou só e somente Ainda que vivendo no meio de tanta gente. Já não escuto mais os sons Que emergem da manhã vermelha Já nem me incomodo mais Nem com o som de dez mil abelhas O que em mim se passa não sei E descrente estou de que um dia saberei Entre papéis e autorizações Burocracia sem fim e zero soluções Minha vida é como se fosse Um problema matemático A princípio complicado E nada carismático Descendendo ao caos em rápido mergulho Nem medo nem terror, sinto apenas orgulho Orgulho esse da paz que me espera Longe no horizonte, lá no fim das eras Meu ser a cada dia De si próprio se esvazia Vendo que nada vai me resgatar A mim só me resta esperar E um dia desses de sol, Quem sabe de fato Da morte eu receba Carinhoso abraço Melancolia descendente Numa espiral convalescente Nem minhas palavras fazem mais sentido Neste personagem, creio que estou perdido Ah, quem me dera ser outro alguém Nascido noutra época longe no além Assim mesmo eu digo, não precisaria encarar Tampouco ser quem sou, a lógica desafiar Mas que lógica é essa que não sou capaz contemplar? O que é isso que não sou capaz de alcançar? Nas mil leis da física, digo eu, uma apenas rege total Entropia, ela mesma, esta é universal E novamente já não sinto Eu devia estar dormindo Mas cá estou em linha reta Proclamando os dizeres do poeta O louco poeta frustrado Que em suas palavras não encontra agrado Tampouco lógica este tem Mas escreve e declama como lhe convém Que é isto que ele faz? Não saberia explicar nem o mais sagaz As atitudes do pobre poeta dos poemas invisíveis Que escreve seus pensamentos indivisíveis Este se encontra confuso neste instante Pois apesar de não saber sobre o que Ainda escreve não obstante Sem pestanejar a tudo despeja Sua loucura que na mente pesa Finalmente liberta de sua prisão Grita muda no papel em dor E o poeta com suas mãos, se encontra em torpor Espero aqui terminar esta elegia Que se desfaz como desabafo Enigmática confissão De um poeta já não mais são Ao vazio me entrego uma vez mais Sabendo que não sou capaz de me fazer entender Nem mesmo ao que vê, agradar E eis que eu, o louco poeta, hei de me retirar O descanso me aguarda Se momentâneo ou eterno, não sei Mas em todo caso, hei de esperar As surpresas que o amanhã há de revelar E uma vez mais me despeço Creio que já o faço pela terceira vez E escusas requisito, Posto que não consigo parar de escrever As ideias vêm fluindo como um rio em vazante Descendo violentamente pelo leito Num fluxo exuberante, este minha mente, Que encontra vazão em meus dedos Transmitindo em palavras o que penso E o que sinto ou deixei de sentir Que fique registrado aqui Quem eu fui para quem serei no porvir E agora sim espero me despedir definitivamente O descanso ainda me aguarda, passei do horário Espero amanhã acordar para tudo Mas se não acordar, não morrerei mudo Pois prova de quem sou deixei E minha elegia aqui registrei Para que vejam quem sou, quem fui e quem serei, O poeta, o louco, aquele com ilusões de rei Não espero que estas palavras ecoem Por milênios e gerações, Apenas quero que esta memória permaneça Sobrevivendo ao tempo para que não desfaleça E assim, amigos, é chegada a hora A confissão aqui termina, o poeta vai embora O louco em processo de cura, criminoso em reabilitação Assim permaneço e me faço, desenho a mim mesmo Em mil traços
Sem ideia As que vêm são vazias Até demais para compor Até onde eu devo ir pelo meu próprio bem? Escrevendo até o limite da linha Meus sentimentos, tenho algum? Quem eu sou, já fui alguém? Escrevo incessantemente Na esperança de me desligar de mim Alcançar os grandes mestres, nunca foi meu objetivo Eu só quero soltar tudo isso em algum lugar De preferência que não seja a cara de alguém Nem os ouvidos de um inocente Muito menos a cabeça de um colega. Todo dia é uma luta diferente contra meu único inimigo Luto comigo mesmo num conflito moral Eu faço o que quero ou faço o que é correto? Fui preso a essas correntes sem poder decidir E se agora decido, sou julgado por isso Ser quem sou ou ser quem sáo? Máscaras eu uso e meu rosto não transparece.
I should be I should be Somewhere else Somewhere else I should be I should be Somewhere else Somewhere else
Onde tudo começou é onde vai terminar Eclipsando, como o pôr do sol, O momento vai chegar. Onde tudo começou é onde inicia o fim O vento sopra, as folhas caem Anunciam assim. Onde tudo começou é onde tudo acabará E onde tudo acabará, Começo não haverá.
Was anyone there? Behind the face, the mask, the door; Behind the fear, the wind, the poor; Behind the facade that you now contemplate. What if was anyone there? Would you see the real face? Behind the mask and the door, Even behind the facade? Would you? But what if you saw, And the face behind the mask Did not please you Would you forget That somehow there was anyone there? Semiconscious you may ask If behind the mask, the face and the door Was there anyone. And from behind the face, the mask and the door, No one shall answer the call of yours.